segunda-feira, 2 de julho de 2012

1º Encontro - Resumo das discussões

NOTA: Começamos nosso encontro com 1h15 de atraso, o que fez com que não pudéssemos tratar de tudo o que estava planejado para hoje.


1) Uma breve introdução aos temas a serem tratados no minicurso.

2) Compromissos assumidos:
  • Manutenção duma atmosfera de apreciação às diferentes (des)crenças: significando que não tomaremos opiniões alheias como ofensas às nossas opiniões pessoais, nem usaremos discursos intencionalmente ofensivos contra opiniões alheias;
  • Clareza semântica;
  • Pontualidade.

3) Nosso lema: “de omnibus dubitandum” (=duvide de tudo) → espero que possamos todos exercer uma dúvida construtiva, e não apenas desconstrutiva.

4) Ajustando nossos calendários:
A.E.C. → antes da Era Comum (=A.C. → antes de Cristo)
E.C. → Era Comum (Anno Domini)

5) Alguns termos-chave para nossas discussões:

Movimento(s) de Jesus
Cristianismo(s)
Católico/ortodoxo
Heresia/herético/herege
Escritura(s) → cânon → canônico → não-canônico
Hermenêutica ↔ Exegese
Padres da Igreja → Patrística
Mito
Metáfora

6) Religião

“Nossa definição acadêmica de religião como uma abstração separada do resto da vida, não é partilhada pela maioria dos povos passados e presentes, mas é uma invenção da modernidade. […] A religião importa para a maioria dos humanos, e devemos encontrar maneiras de representar o poder da religião, lembrando-nos que a visão da academia no que concerne à religião não é a norma global.” (TISHKEN, Joel. World History Bulletin Focus Issue and Teaching Forum, “Religion and World History”. In: World History Bulletin, Russellville (EUA), primavera 2007, vol. XXIII, nº 1, p. 5.)

“[...] O homem é um ser espiritual por excelência, buscando constantemente estabelecer uma relação com o misterioso, com o desconhecido. Se você é ateu, talvez goste de filmes de terror, ou de outras conexões com o sobrenatural. Se você é um ateu que não tem nenhum apego a coisas sobrenaturais, talvez o jogo de vôlei com os amigos ou a partida de futebol aos domingos ou ainda uma busca constante pela perfeição nos esportes ou no trabalho acabe transformando tais atividades em rituais: o sacro, aqui, é a busca de um ideal de perfeição. […]” (GLEISER, Marcelo. O fim da Terra e do Céu: o Apocalipse na Ciência e na Religião. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 31.)

Nossa definição de religião: um sistema conceptual que oferece uma interpretação – geralmente metafórica – do mundo e do lugar dos seres humanos nele, baseando uma narrativa de como a vida deve ser vivida nessa interpretação, e expressando essa interpretação e estilo de vida num conjunto de rituais, instituições e práticas.

7) O(s) Movimento(s) de Jesus:

→ Seita(s) judaica(s) formada(s) em torno dum rabino – um hassid – galileu: Jesus de Nazaré.

→ Seitas sempre surgem dentro de comunidades de fé com a qual compartilham um conjunto básico de crenças e práticas, ao mesmo tempo em que mantêm uma tensão permanente que se manifesta de diferentes formas: controvérsias em crenças/práticas, tendências proselitistas.


8) O mamzer Jesus

→ Nascido c. 7-2 a.E.C., em Belém (“casa de pão”) da Galileia, próximo a Nazaré – e não em Belém da Judeia, próximo a Jerusalém.
→ Filho de Maria (Miriam) de Nazaré – uma jovem (παρθένος, parthenos – Mateus 1:23) de cerca de 13 anos – e de José (Yosef) de Belém (da Galileia) – um viúvo mais velho (?).
→ Condenado e morto c. 30-36 E.C., em Jerusalém.
→ “A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber.” (Mateus 1:18-19)
→ “Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão?[...]” (Marcos 6:3)
→ “Nenhum bastardo [mamzer] poderá entrar na assembleia de Javé, e seus descendentes até a décima geração não poderão entrar na assembleia de Javé.” (Deuteronômio 23:3)
→ “[...]Mamzerim e netinim são inelegíveis [para se casarem com a filha de um israelita], e sua inelegibilidade é para sempre, sejam homens ou mulheres.” (Mishnah Yebanot 8:3)

9) Quem foi o pai de Jesus?

O Novo Testamento oferece 3 explicações p/a concepção de Jesus:
→ 1) Intervenção do Espírito Santo (por meio dum mecanismo desconhecido) – sua mãe não tivera relações sexuais c/ um homem: Lucas 1:34-35; Mateus 1:18-25.
→ 2) Jesus era, de fato, filho de José: João 1:45; 6:42; Lucas 4:22; Mateus 1:1-17 e Lucas 3:23-38 (genealogias que só poderiam ter sido desenvolvidas c/ base nessa suposição) – os ajustes em Mt. 1:16 e Lc. 3:23 parecem ser posteriores. A identidade de Jesus como filho de Davi – Mateus 1:1; 9:27; 12:23; 15:22; 20:30-31; 21:9, 15; Marcos 10:47-48; Lucas 18:38-39; Romanos 1:3; 2 Timóteo 2:8; Apocalipse 5:5; 22:16 – implicitamente invoca essa noção, já que apenas José poderia mediar essa linhagem (Mateus 1:20; Lucas 1:27, 32; 2:4).
→ 3) Jesus foi acusado, por alguns de seus adversários, de ser fruto de “fornicação” (porneia) – João 8:41 –, e tal acusação é frequentemente vista como a base p/a omissão de José na identificação de Jesus em Marcos 6:3.

A explicação 2 – a paternidade de José – fundamentará nossas reflexões.




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